'Meios e fins' (por Daniel Lélis)

Posted: terça-feira, 3 de novembro de 2009 by Daniel Lélis in Marcadores: ,
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Difícil encontrar alguém que não nutra o desejo de aparecer um pouquinho, de se destacar naquilo que faz; de fazer a diferença. Todo mundo sonha ou já sonhou com alguns minutos de fama. Mas quais são os limites para alcançar este objetivo? Vale tudo? Até onde podemos chegar a fim de tornar real o nosso desejo de brilhar? Teçamos algumas considerações.
Tudo tem limite. Nem tudo podemos, nem tudo devemos. Extrapolar as regras, em ultima análise, é colocar em risco todo o jogo em busca dos ideais acima mencionados. Com meios sujos temos fins doentes. É claro que é difícil fechar os olhos para grandes oportunidades mesmo quando estas tenham nobreza questionável. Contudo, mais deve valer o êxito conquistado com esforço e grandeza de espírito que aquele contaminado pelas impurezas de uma realidade muitas vezes injusta e desvalorada. Infelizmente, como muitas vezes velam-se as formas indignas de se alcançar prestígio, estas acabam por parecerem válidas. Errado. A ganância e a ambição não podem em nenhum momento justificar o atropelo ético.
Que seja feita a justiça, portanto, aos que batalham com armas nobres. E aos que, mesmo que fraquejando, insistem corajosamente em fazer do jeito certo. Estes sim são merecedores de admiração, respeito e imitação. É claro que a acepção de “certo” e “errado”, oriunda de uma convenção, é cultural e histórica. Entretanto, é inegável a existência de valores sociais que por serem indispensáveis à nossa sobrevivência, perpassam culturas e gerações. Ser solidário, por exemplo. Não é de hoje que a nossa sociedade vê como obrigação moral ser solidário com o próximo. Sendo assim, todos os aplausos e elogios a quem chegou lá por mérito, esforço e dedicação e sem desprezar os valores socialmente construídos. A quem nunca soterrou os próprios princípios em busca de espaço e reconhecimento.
Afirmo isso porque a tendência, a que percebo, infelizmente é outra. Valorizam-se os meios condenáveis e tranformam os adeptos destes em modelos de conduta. Em vez de reprovação, apreciação. Em vez de punição, mesmo que moral, leniência e conformidade. Lamentável.
Que nos firmemos na contramão dessa dolorosa realidade.

Texto publicado originalmente na Revista Jfashion.

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