Medo. Modo de usar. (por Daniel Lélis)

Posted: sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011 by Daniel Lélis in Marcadores: , ,
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     Quem nunca sentiu medo?! Assim como a alegria, a tristeza e a ansiedade, o medo é, sem a menor sombra de dúvidas, um dos sentimentos mais constantes na vida das pessoas. Do mais novo ao mais velho, do mais ingênuo ao mais experiente, do mais rico ao mais humilde, o certo é que sentir medo é inevitável. Mas se há certeza do quão fatal é a vivência do temor, não se pode dizer o mesmo da busca por enfrentá-lo. Não são poucos os que, diante do medo, fogem de si, apavoram-se; os que, na ausência de um remédio para curar-lhes os sobressaltos, se entregam, desistem de lutar. A eles, dedico esse texto.
     Quando crianças, é comum termos medo do escuro. Nossa imaginação fértil glorifica a existência de monstros incríveis e fabulosas assombrações. Chegamos a jurar de pé juntos para os nossos pais que vimos o bicho papão. Com a chegada da adolescência, nossos temores mudam de direção. Novas emoções tanto seduzem quanto atemorizam. Nossos medos, contudo, são menores que o nosso desejo de experimentar o desconhecido, por isso desbravamos, nem sempre com a precaução e moderação necessárias, novos caminhos. Passada essa fase, é hora de amadurecer. O medo, por mais que alguns finjam o contrário, continua implacável a nos acompanhar. Como lidar com ele? Como fazer dele, ao invés de um inimigo, um aliado? Finalmente, como evitar andar de mãos dadas com o temor? Não existem para estes questionamentos, logicamente, respostas prontas. Desenhemos, contudo, algumas sugestões valiosas.
     Primeiro, uma certeza: ninguém vence o medo fugindo dele, fazendo de conta que ele não existe. Superar um temor envolve enfrentá-lo com coragem, firmeza e dedicação. Portanto, antes de qualquer coisa, é importante ter forças para reconhecer os seus temores. Ignorá-los é, em última análise, fortalecê-los. Sábio, portanto, é aquele que identifica o que teme, para só então dominá-lo. Conter o medo não significa, porém, subjugá-lo como desnecessário. Há medos que nos fazem refletir positivamente, podendo, por isso, nos ser úteis. O medo proveitoso, muito embora seja a exceção de uma regra volumosa, tem a solidez da prudência e o vigor da cautela; é ele que nos injeta bom senso para não permitir que nos aventuremos em um terreno de escolhas absolutamente equivocadas e das quais nos arrependeremos para o resto da vida.
     Todavia, a despeito dessa hipótese benéfica, a verdade é que o medo, na maioria das vezes, sufoca possibilidades, destrói planejamentos e derruba expectativas. O medo de errar, de arriscar uma alternativa, de traçar uma nova rota, nos condena a saborear o amargo sabor do conformismo. Quem não tenta, se contenta. Driblar o medo é não se deixar sufocar por ele; é não permitir que ele dite rumos, escreva o nosso destino. Triunfar sobre o medo é impedir que ele nos proíba de buscar o que julgamos, conscientemente, ser o melhor para nós.  Vencer o medo é, finalmente, saber usá-lo a nosso favor.

Daniel Lélis

Artigo publicado originalmente na JFASHION, a revista de sociedade mais badalada do Tocantins.            
            

2 comentário(s):

  1. Sabrina says:

    Olá! Concordo plenamente. O medo também serve para setirmos o gostinho da superação...sem ele, nada teria tanta graça, nem sentiruamos orgulho de nós mesmos!
    Belo texto!

    Achei no google uma imagem deste blog, a qual publiquei em meu blog..não sei se é de vocês a autoria, mas...se for, avisem-me, para eu colocar os créditos! Se não permitirem, é só falar que eu retiro a imagem. A imagem é uma silhueta no por do sol..

    Abraços, bom fim de semana

  1. Na verdade vcs não estão falando do medo, mas do excesso dele, já que, o medo é necessário para a nossa sobrevivência. O excesso de medo realmente nos impede de viver, mas a falta total dele nos atiraria num abismo de perigos desnecessários.